Uma nova forma de consumir café
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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos* revela que a saúde não é a primeira preocupação do brasileiro na hora de escolher os alimentos. Dos 1024 entrevistados, 61% consideram o sabor como principal quesito na compra dos produtos. Marca e preço aparecem empatados (54%), na frente de praticidade (46%) e saúde (35%). Apesar disso, se forem considerados os hábitos alimentares, 67% das pessoas consultadas concordam com a afirmativa "hoje me preocupo muito mais com a minha alimentação do que no passado" e 66% com a frase "procuro ter uma boa alimentação para me manter saudável e prevenir doenças". É neste ponto que os chamados alimentos funcionais têm conquistado cada vez mais espaço nas gôndolas dos supermercados. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), alimentos funcionais são aqueles que, além de suas propriedades nutricionais, podem trazer benefícios à saúde, quando consumidos como parte de uma dieta saudável.
O projeto de mestrado intitulado "Produção de geléia de café com propriedades funcionais", do Departamento de Ciências e Tecnologia de Alimentos da Universidade Estadual de Londrina (UEL), foi concluído em janeiro deste ano e teve como objetivo desenvolver um produto que seguisse a tendência dos alimentos funcionais. Graduada em Farmácia Bioquímica, com habilitação em Tecnologia de Alimentos, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a mestranda Ana Augusta Odorissi Xavier, que desenvolveu a geléia, explica que o café foi escolhido como matéria-prima devido a suas propriedades anti-oxidantes bem definidas. "Os anti-oxidantes estão em alta na área de Ciência de Alimentos por serem considerados anti-cancerígenos, anti-mutagênicos, por contribuírem para melhorar as funções do organismo e retardarem o envelhecimento celular".
Além do café, os outros ingredientes da geléia são a água e a inulina, que é uma fibra alimentar extraída de tubérculos. "Por ser uma fibra solúvel, a inulina tem como objetivo melhorar o funcionamento do intestino", ressalta Ana Xavier. Quanto ao sabor, 60 provadores avaliaram a geléia, por meio de uma escala hedônica (escala de 10 pontos em que se marca o nível de aprovação ou reprovação do produto: o número 1 indica "desgostei muitíssimo", o 10 "gostei muitíssimo" e o 5 "não gostei nem desgostei"). "Todas as avaliações da geléia de café ficaram com nota entre 7 e 8. O resultado foi bastante satisfatório", comemora.
Para o orientador do projeto, professor Fábio Yamashita, graduado e doutorado em Engenharia de Alimentos pela Universidade de Campinas (UNICAMP), além do produto desenvolvido, a intenção principal de um projeto de pesquisa é a formação do aluno. "Nesses dois sentidos, a avaliação foi positiva". Yamashita faz questão de ressaltar que, como o objetivo não era provar a funcionalidade do produto, a geléia foi desenvolvida a partir de componentes comprovadamente funcionais, como o café e a inulina. "Provar a funcionalidade de um alimento demanda tempo e não é o perfil da área de Ciência de Alimentos. Nós estamos mais voltados para a questão dos componentes e para o desenvolvimento de produtos, enquanto a comprovação da funcionalidade faz mais parte da área médica e da área clínica", conclui.
Ana Xavier não descarta a possibilidade de comercialização da geléia de café, mas garante que este nunca foi o objetivo inicial da pesquisa. A dissertação de mestrado está em fase de conclusão e deve ser defendida até o final de abril.
* O grupo Ipsos é um dos lideres globais no fornecimento de pesquisas de marketing, propaganda, mídia, satisfação do consumidor e pesquisa de opinião pública e social.
Fundada na França em 1975, a Ipsos é uma empresa independente, com capital aberto, administrada por profissionais de pesquisa. Suas ações são negociadas na Bolsa de Paris desde 1º de julho de 1999. Desde 1990 foram criadas ou adquiridas mais de 40 empresas no mundo.
Fonte http://www.ipsos.com.br