Conheça um pouco mais da fruta Açaí

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Mais que uma fruta típica do Pará, o açaí evoca a força da cultura popular e indígena da Região Norte do Brasil. Herança dos índios que habitavam as terras hoje ocupadas pela cidade de Belém, a lenda do açaí remete a uma época em que a escassez de alimento era tamanha que obrigou o cacique da tribo a tomar uma drástica decisão. Toda criança que nascesse estaria fadada ao sacrifício. Por ironia, a primeira vítima foi justamente o bebê de sua filha Iaçá. Impassível, o chefe indígena manteve a palavra. Mandou sacrificar a neta.

 

A filha desconsolada chorava sem parar a morte da recém-nascida. Até que uma noite Iaçá ouviu um choro de criança. Vinha do alto de uma esbelta palmeira, no mesmo lugar onde sua menina havia sido enterrada. Exausta e tomada por uma profunda alegria, a jovem mãe reuniu suas últimas forças, mas não resistiu. Ao encontrá-la sem vida, abraçada à palmeira, com a cabeça erguida em direção ao topo da árvore e um sorriso sereno no rosto, o cacique ordenou que trouxessem para baixo os cachos apinhados daqueles frutinhos pretos e redondos. Então mandou amassá-los e com o sumo alimentou a tribo. Daquele dia em diante, não precisariam imolar mais nenhuma criança. Em homenagem à filha, o pai de Iaçá batizou a fruta de açaí.


Pequeno, redondo e de cor azul-noite, quase negro, o açaí pode ser considerado a pérola da Amazônia. É fruto de uma esguia palmeira classificada cientificamente de Euterpe oleracea Mart. O povo a chama de açaizeiro ou açaí-do-pará. Viceja às margens dos igarapés e várzeas úmidas do Norte do Brasil, pendendo em cachos abundantes, que embelezam ainda mais a exuberante paisagem nativa. A rica polpa da frutinha, apesar de reduzida em comparação ao tamanho do caroço, concentra um sabor forte, marcadamente ácido.

 

Só conhecem o gosto do açaí in natura os moradores do Pará, seu maior produtor, e dos Estados vizinhos nos quais também ocorre a palmeira, embora em menor escala. Nas outras regiões do país, ele só é consumido congelado. A principal razão para essa condição é a rapidez com que a fruta fermenta, o que exige processamento imediato, ou seja, poucas horas após a colheita. Isso explica por que os habitantes de lugares mais distantes, como o Sudeste e o Sul, saboreiam a polpa congelada, servida tradicionalmente numa tigela, com guaraná em pó, infinitas colheradas de açúcar, e sempre bem gelada. A fama de fazer bem à saúde tornou-a uma mania entre os jovens urbanos e freqüentadores das academias de ginástica.