Alergia ao leite de vaca: Prevenção e tratamento
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Essa doença pode atrapalhar o desenvolvimento dos pequenos. Veja o que fazer para garantir que eles cresçam saudáveis.
Por Paula Desgualdo
Não há como falar em prevenção de doenças nos bebês sem citar o leite materno. Além dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento dos pequenos, ele é rico em substâncias que fortalecem o sistema imunológico, como anticorpos e prebióticos – um tipo de carboidrato que estimula o crescimento de bactérias benéficas na flora intestinal. Em outras palavras, o alimento fornece tudo o que a criança precisa para crescer saudável e ainda a protege de futuras infecções e alergias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a garotada deve receber exclusivamente o leite materno até os 6 meses de vida. “Se a mãe conseguir estender esse período, melhor ainda”, orienta a nutricionista paulistana Claudia Cianciulli. Na verdade, quando o assunto é alergia alimentar, somente ele funciona como um preventivo. “Não há a comprovação de que eliminar o leite de vaca da dieta da mãe ou da criança seja eficiente para evitar a doença”, diz a especialista.
Os médicos recomendam cortá-lo da alimentação apenas quando se detecta que a criança tem mesmo alergia à proteína da bebida. Aí, não só o leite de vaca, mas todos os seus derivados devem sair do cardápio – dessa lista, fazem parte as fórmulas infantis à base de sua proteína e produtos que contêm substâncias como caseína, caseinato e soro de leite. “Em casos de alergia muito forte, algumas crianças reagem logo ao sentir o cheiro do leite”, diz Wilson Rocha Filho, coordenador do Núcleo Allos, um centro de referência no tratamento de alergia alimentar e anafilaxia de Belo Horizonte.
A principal maneira de driblar a chateação sem comprometer o desenvolvimento dos pequenos é recorrer às fórmulas infantis especiais. Existem três tipos. As extensamente hidrolisadas passam por um processo em que a proteína é fragmentada para diminuir a chance de reação alérgica. Aquelas à base de soja são indicadas somente a partir do segundo semestre de vida e nos casos em que há sintomas respiratórios e cutâneos. “Existem alergias intermediadas por células e que provocam sintomas gastrintestinais”, explica Claudia Cianciulli. “Quando isso acontece, a soja não é recomendada para substituir o leite de vaca porque sua proteína também pode causar alergia”. Por fim, as fórmulas de aminoácidos livres são as únicas que realmente podem ser chamadas de não-alergênicas. Isso porque elas contêm frações protéicas mínimas, o que praticamente anula o risco de a doença atacar. Vale dizer que uma lata de 400 g dessa última alternativa pode custar 400 reais.
Desde o ano passado, quem mora no estado de São Paulo tem acesso gratuito ao tratamento desse tipo de alergia. Para obter as fórmulas especiais, a criança deve passar por uma avaliação médica. Além disso, os pais precisam levar uma série de documentos ao Ambulatório Regional de Especialidades Maria Zélia, que fica na Universidade Federal de São Paulo, na capital paulista. Veja mais no site da Secretaria da Saúde.
Por fim, um aviso importante: os níveis de alergia e as reações do organismo variam de criança para criança. Por isso, não é aconselhável que os pais modifiquem a dieta de seus filhos sem nenhum tipo de orientação. “Substituir o leite de vaca pelo de cabra, por exemplo, não ajuda em nada. As proteínas são muito parecidas”, avisa Roseli Sarni, presidente do departamento de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. É o pediatra, portanto, que deve indicar o tratamento mais adequado.